Como a escola pode colaborar para a formação do cidadão contemporâneo?

Vivemos em um mundo marcado por uma revolução tecnológica que vai além das fronteiras do conhecimento. A forma de se fazer comunicação tem mudado drasticamente. Hoje, o cenário em suas diferentes facetas, impõe a criação de soluções inovadoras para resolução de problemas muito complexos que a poucos dias atrás nem sabíamos que seriam tidos como problemas.  

Ao mesmo tempo, vivemos em um país plural em sua cultura, com um nível de desigualdade social e econômico ainda bastante alto, o que significa que boa parte da população não vai acompanhar as mudanças nas tecnologias da informação, portanto, para que o indivíduo possa aprender a lidar com as novas exigências, a escola vai ter que se reinventar diariamente. 

Nesse contexto, alguns questionamentos se colocam: quais são os impactos desse cenário para a educação das crianças e dos jovens brasileiros? Como a escola pode ajudar a conciliar as demandas por um novo modelo de cidadão com a estrutura escolar e as limitações do sistema de educação? 

Essa é uma reflexão muito interessante. Imaginem que no início do ano de 2022 uma professora entra na sala de aula com 25 crianças portando seus celulares de diferentes marcas, tablets, câmeras, relógios ultra potentes com capacidade para captar conteúdos, luz e imagens em alta resolução. 

Inevitavelmente essa já é a realidade. Mas como ensinar os conteúdos, conhecimentos e valores tidos como universais para uma turma de estudantes com tamanha multiplicidade de recursos tecnológicos e culturais? Aprender a viver em um ambiente diverso e multifacetado é um dos principais desafios do mundo contemporâneo, portanto, da escola.  

A construção desse novo perfil de cidadão se dará a partir do momento que a escola for entendida como sendo um espaço humanizado, justo e tecnológico. Ela não pode mais ser vista apenas como o lugar das aprendizagens cognitivas ou das relações sociais que ensina competências estabelecidas na BNCC, é algo mais refinado e coerente com a realidade, tem mais a ver com a plenitude do indivíduo. 

Assim, a escola se torna cada vez mais essencial na vida desse cidadão que está sendo construído. Hoje ele não carece mais de informações, ele precisa compreender o seu papel na sociedade, ser atuante em sua comunidade local, aprender com o outro sem inverter seus valores primários, fazer o seu projeto de vida com foco e muita criatividade. 

Embora o sistema de ensino já tenha sinalizado algumas mudanças, há muito ainda para se fazer. Atualmente ele não conversa com essa nova realidade apresentada, nota-se uma centralização e controle incompatível com o que se está vivendo na educação. 

É necessário que as escolas públicas e privadas tenham mais autonomia e incentivos. As limitações do sistema de ensino e até mesmo os ideais políticos não deveriam impedir que a escola fosse reconhecida como atividade essencial na vida do indivíduo. O crescimento e o progresso não são um fim em si mesmo, existe uma missão para além da alfabetização e formação acadêmica. Essa missão motiva, sensibiliza e valoriza a pessoa humana acima de qualquer currículo. 

É preciso que todos pensem na escola como sendo um espaço que colabora com o desenvolvimento e não que limite o sujeito. A escola só vai colaborar com a formação do indivíduo contemporâneo se ela for vista com um olhar inovador e principalmente, se ela tiver também uma proposta contemporânea. 

Acreditamos que a escola ainda é o melhor lugar das convivências. 

Sumaia Milagres Pinheiro , Coordenadora de eventos.