Como lidar com a birra ? Um comportamento desafiador na primeira infância.

Birra é um nome pejorativo que utilizamos para nomear uma explosão ou descarga emocional. É uma reação corporal, química e neuronal, onde a criança sofre alguma variação emocional e, por ter o cérebro imaturo ainda, não consegue ter o controle.  Essa explosão emocional é um comportamento típico da primeira infância e nem sempre vem acompanhado de choro.

Para entender esse comportamento é importante saber que as crianças na primeira infância têm a parte pré-frontal do cérebro em formação. Essa parte do cérebro é responsável pela regulação emocional e racional. Dessa forma, nessa fase da vida as crianças praticamente não desenvolveram essa parte que se formará por completo na idade adulta.

Muitas vezes acreditamos que as crianças fazem birra para nos manipular, mas elas ainda não têm o conhecimento das suas emoções, precisando de uma regulação externa para se controlarem.

Assim, nunca reaja a uma birra com grito, castigo, punição e humilhação. Você pode piorar as coisas, contribuindo para essa situação prolongar e permanecer por mais tempo. Na hora da birra o nosso comportamento típico é ficar dando sermão, explicando, ensinando, tentando corrigir e punindo. O maior risco é a criança criar falsas crenças como: “Mamãe e papai não gostam de mim”, “Eu não sou aceito”.

Outro comportamento típico é falar: isso é bobeira de criança, besteira, está chorando à toa.

Podemos fazer uma analogia do acidente de carro: Quando batemos o carro temos uma série de sentimentos como: medo, raiva, vergonha e insegurança. Nesse momento, estamos com o nível de cortisol e adrenalina muito grande pelo corpo e se chega uma pessoa para te chamar atenção e te corrigir, o que você faria?

Ficaria mais nervoso e não conseguiria entender nada que a pessoa está falando. O mesmo acontece com as crianças.  Nunca ensine no momento do descontrole, pois não terá nenhum efeito.  Acolha e não ignore, valide os sentimentos. É importante saber o momento de falar e ensinar. Muitas vezes é só acolher e deixar seu modelo falar por você.

Uma dica importante é manter a calma. Tente não demonstrar o quanto você está afetado pelo comportamento. Entenda que não é com você e respire fundo.  Seja gentil e firme e mantenha o foco naquilo que seja o melhor para a criança naquele momento.

Uma outra estratégia interessante é ficar em silêncio. Isso mesmo! Ficar em silêncio é muito difícil e pode parecer negligência, mas muitas vezes somente a presença com um semblante empático e com conexão ajuda muito.  Você passa a mensagem: “Filho, estou aqui !“.

É importante saber que não existe uma receita mágica para lidar com o comportamento desafiador.  Outro fator é não deixar se levar pelos protestos dos pequenos e acabar por fazer todas as vontades, caindo na permissividade. Tente se colocar no lugar da criança, descubra o que pode estar motivado aquele comportamento.

A arte de educar exige compreensão sobre o desenvolvimento infantil, conexão entre pais e filhos e acima de tudo paciência.

Pollyana Fernandes Gomes
Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil.