Medo infantil: como atividades lúdicas podem ajudar meu filho a perder o medo exagerado?

O medo infantil é uma situação muito comum no nosso dia a dia, né? De uma chuva mais forte com raios ao medo da morte! Voltar a fazer xixi na calça ou simplesmente não querer dormir sozinho mais. O medo varia de intensidade e se revela em situações diversas, variando muito de acordo com a idade da criança.

É uma emoção que move e alimenta muitas outras, além de guiar inúmeros comportamentos infantis que não temos nem ideia que estão sendo controlados por ele! Nossos filhos podem estar apresentando desafios de comportamento nutridos pelo medo sem sabermos! E ao invés de ajudarmos nossos filhos a lidarem com esse sentimento, podemos estar potencializando a insegurança da criança!

Precisamos, entender que o medo é uma das emoções básicas do ser humano. Pode ser real ou fruto da imaginação, e surge da possibilidade de dano físico, emocional ou psicológico. Embora seja considerado, muitas vezes, uma emoção “negativa”, o medo, na verdade, tem o papel de nos deixar seguros, pois nos impulsiona a enfrentar o perigo potencial.

 E quando o medo infantil, como os pais podem lidar com tais situações?

Pais vão perceber que a causa do medo infantil se modifica a cada fase da vida da criança. Sendo assim, é importante conhecer as possíveis razões de ansiedade e temores dos filhos para saber a melhor maneira de ajudá-los.

Medo até os sete meses

Bebês formam um forte vínculo com seus pais e cuidadores. Aquele que passa mais tempo com eles normalmente se torna a sua “pessoa favorita”. As mães costumam ocupar essa posição, mas os pais e outros parentes também podem ser os favoritos.

Assim, o bebê não gosta de se distanciar dela. Quando estranhos se encontram no ambiente ou quando precisa se afastar da pessoa favorita, ele fica inquieto. É comum que bebês percam esse medo com o crescimento.

Como você pode ajudar: você pode se despedir do bebê quando precisar deixar o cômodo e avisar quando retornar para que ele aprenda a confiar em você. Reassegurá-lo que você voltará com uma expressão calma e confiante também o ajudará a se acalmar. Outra tática é segurar o bebê enquanto ele interage com outras pessoas para que ele entenda que elas não são uma ameaça.

Medos até os três anos

Crianças até três anos estão aprendendo a lidar melhor com as suas emoções. Esse desenvolvimento é maior entre os dois e três anos. Nessa faixa etária, a criança se assusta com o escuro, barulhos estranhos, luzes fortes e pessoas estranhas.

Como a fantasia começa a fazer parte da vida dos pequenos, eles também têm medo de pessoas fantasiadas, como Papai Noel, Palhaços e personagens de desenhos animados.

Como você pode ajudar: evite visitar lugares com estímulos intensos, como música alta e grande movimentação de pessoas. Se isso for inevitável, faça de maneira gradativa e suave. Sinta como a criança reage antes de prosseguir. Os pais devem estar ao lado dos filhos quando eles tiveram que enfrentar situações novas. Diante de personagens fantasiados, mostre a criança que se trata apenas de uma roupa. Se ela ficar desconfortável, não force a interação.

Medos entre os três e quatro anos

Quando a criança começa a aprender mais sobre o mundo, a lista de medos tende a ficar longa. Alguns medos são reais e outros são imaginários. Assim que ela aprende a lidar com um, outro passa a incomodá-la. Aos quatro anos, a criança pode temer a morte quando um bichinho de estimação. Ela também passa a ficar com medo de fantasmas, dragões e criaturas sobrenaturais que assiste na TV.

O medo dos pais pode passar para as crianças. Quando ela vê a mãe ou o pai reagir com medo à alguma coisa (insetos, situações, barulhos), ela compreende que também deve ter medo daquilo.

Alguns desses medos infantis, contudo, são bons. Eles ensinam a criança a evitar situações perigosas e se preservar. Por exemplo, ela pode ter medo de incêndios, animais que mordem, altura e carros em alta velocidade.

Como você pode ajudar: aceite os medos da criança e não os julgue como “bobagens”. Demonstre a ela que você compreende como ela se sente. Ajude a criança a se preparar para “situações perigosas”. Conte uma história sobre ir ao dentista e voltar para casa bem e mais saudável. Modifique o cenário conforme novos medos aparecem.

Medos entre os cinco e seis anos

As crianças dessa idade ficam com medo de elementos que não compreendem a causa e efeito, como vento, escuro, chuva e trovões. Também temem separação, morte e ferimentos. Elas podem chorar ao ver um amiguinho cair, ou ter medo dos pais não aparecerem para buscá-lo na escola.

Outro medo típico dessa faixa etária é o de “se tornar grande”. Na verdade, esse temor está associado às mudanças que vem com o crescimento, como, por exemplo, precisar estudar mais e interagir com crianças mais velhas.

Como você pode ajudar: explique o conceito da morte de maneira delicada, mas verdadeira. Permita que o pequeno se expresse e exponha seus medos, dizendo que você está ali a seu lado e nada de mal acontecerá. Explique como eventos naturais acontecem em termos simples para que ela compreenda que são partes normais da vida.

Medos entre os sete e 10 anos

O principal medo infantil das crianças maiores é ser punido pelos pais, de fazê-los ficar com raiva e de não ser aceito pelos coleguinhas. Elas também podem ter medo de dormir sozinhas e enfrentar situações novas sem a presença dos pais.

Como você pode ajudar: explique a importância de estabelecer regras para que não haja desentendimentos entre você e a criança. Destaque a necessidade do diálogo para resolver conflitos e se mostre aberto a sempre conversar com ela. Também é importante trabalhar a saúde mental da criança dela para que ela conviva bem com outras crianças.

Em todos os processos citados é importante ressaltar que uma criança incentivada através de processos lúdicos, com seu poder infantil de grande criatividade, conseguirá aprender de forma mais ágil! Portanto, trabalhar o lúdico se torna uma solução eficaz.

Uma criança que tem medo do escuro, por exemplo, pode ressignificar este momento se você fizer da hora de dormir, uma experiência lúdica. Você pode contar histórias que a incentivem a ter coragem e, assim, ela aprenderá que é mais forte que seu medo. Crianças que têm medo de cachorro e outros animais e sofrem com isso, podem ser ajudadas com brincadeiras como fantoches, desenhos e histórias sobre estes animais.

Assim, pouco a pouco, ela se dessensibilizará, perdendo o medo exagerado. Encontrar a origem do medo infantil também é importante no processo de enfrentamento. Por isso, escute a criança. Se ela está com medo de algo em específico, análise: de onde veio o receio. Alguém da família apresenta esse medo? Ela ouviu alguma história negativa que a influenciou? Permita que a criança se expresse e use o lúdico para ajudá-la!

Um jeito de usar o lúdico contra o medo infantil é aplicar um exercício de respiração: ajude a criança a imaginar uma travessa cheia de gostosos biscoitos que acabaram de sair do forno. E explique que, enquanto ela respira, está cheirando esses biscoitos, mas eles estão quentes, então, é necessário soprar sobre eles para esfriá-los. Repita quatro vezes.

Algumas dicas de outras práticas que os pais podem realizar nessa etapa:

Mostre à criança que ela está segura

 Sempre tenha abertura ao diálogo

 Não force a criança a fazer coisas que a deixam com medo

 Estimule a positividade

 Quando surgir uma crise de medo infantil, é preciso trazer afirmações positivas e mudar o foco de atenção da criança. Para isso, deixe-a desabafar sobre o que a aflige, mas não insista no sentimento que a amedronta. Fale coisas bonitas e traga alguma ação que a acalente. Por exemplo, você pode trazer um livro de que ela goste muito e, a partir da leitura, criar uma conversa de superação dos medos.

O medo infantil é mais uma etapa do desenvolvimento humano. Portanto, deve ser encarado com naturalidade, garantindo todo o suporte que a criança precisar.

Então, sempre observe os comportamentos dos seus filhos, a fim de oferecer a melhor assistência. Porém, se notar que algo possa estar em desordem, procure auxílio profissional.

De forma didática e lúdica, alguns clássicos e novidades da literatura infantil podem servir de suporte para os pequenos elaborarem seus temores.

Leo, o Pássaro Que Tinha Medo de Altura
Autoria: Frédérique Agnès e Arnaud Bouron
Editora: Panda Books

Gaspar, o Lobo Que Tinha Medo de Lobo
Autoria: Frédérique Agnès e Arnaud Bouro
Editora: Panda Books

Pluft, O Fantasminha
Autoria: Maria Clara Machado
Editora: Nova Fronteira

Chapeuzinho Amarelo
Autoria:Chico Buarque e Ziraldo
Editora: Autêntica

Alguns Medos e Seus Segredos
Autoria: Ana Maria Machado
Editora: Global

Ana Carolina Rezende Pereira
Coordenadora Pedagógica do Ensino Fundamental Anos Iniciais.
Pedagogia com Ênfase em Necessidades Educacionais Especiais
Pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional/ Neuro psicopedagogia/ Neurolinguística/ Psicologia Positiva