QUE CONEXÃO É ESSA? Como a distração dos pais nas redes sociais pode afetar a vida dos filhos?
Nos tempos atuais, a presença marcante das redes sociais na rotina familiar tem suscitado reflexões profundas sobre o impacto dessa conexão virtual na qualidade das relações entre pais e filhos. Enquanto as plataformas digitais oferecem inúmeras possibilidades de informação e entretenimento, seu uso desmedido pode acarretar consequências significativas no desenvolvimento emocional e comportamental das crianças e adolescentes.
O papel dos pais na formação integral de seus filhos vai muito além do provimento material e da supervisão básica. É no convívio diário, na escuta atenta e na validação emocional que se constrói o alicerce para o desenvolvimento saudável de habilidades socioemocionais e de uma autoestima positiva. No entanto, a distração excessiva com dispositivos móveis muitas vezes reduz a disponibilidade emocional dos pais, prejudicando esse processo tão essencial.
Estudos apontam que crianças expostas à baixa qualidade de interação familiar podem desenvolver sentimentos de insegurança, dificuldades de comunicação e até mesmo comportamentos desafiadores, buscando, ainda que inconscientemente, chamar a atenção de seus responsáveis. A ausência de um olhar atento e interessado, mesmo em momentos simples como refeições em família ou brincadeiras cotidianas, pode ser percebida como uma forma de rejeição sutil, impactando negativamente a percepção de pertencimento e afeto.
Além disso, o exemplo parental exerce uma influência poderosa no comportamento dos filhos. Crianças aprendem, majoritariamente, por meio da observação e da imitação. Quando percebem que as telas monopolizam a atenção dos adultos, podem internalizar a ideia de que a presença física não implica, necessariamente, em conexão emocional. Isso pode levá-las, futuramente, a reproduzir padrões de desconexão e isolamento.
É fundamental que os pais reflitam sobre a qualidade do tempo dedicado à convivência familiar. Pequenas ações, como reservar momentos livres de telas para conversas significativas, estabelecer limites claros para o uso de dispositivos e, principalmente, demonstrar interesse genuíno pelas vivências diárias dos filhos, podem transformar a dinâmica familiar de forma positiva e duradoura.
A educação parental consciente passa pelo entendimento de que a presença emocional é o alicerce para o fortalecimento de vínculos saudáveis e para a formação de indivíduos emocionalmente seguros e resilientes. Como coordenadora pedagógica e psicopedagoga, reafirmo a importância de promover o diálogo aberto sobre o tema, buscando, juntos, construir um ambiente familiar acolhedor, pautado no afeto, na escuta ativa e no exemplo positivo. O desafio é grande, mas o impacto de uma parentalidade mais presente e consciente é imensurável para o futuro dos nossos filhos.
Vivianne Brandão Amarante – Psicopedagoga e coordenadora pedagógica.
