Esta é uma carta sobre Inteligência Emocional que tenho o privilégio de endereçar a cada um de vocês que se abriu e escolheu parar um pouquinho para ler. Ela pode ser um toque sensível e sutil em sua alma, caso se permita, potencializando um processo de investigação, descobertas e inventividade, neste período tão delicado. Que ela lhes afete a ponto de proporcionar uma transformação no amor.
Sabemos que ser pai, mãe ou responsável é um presente e também um grande desafio, principalmente em tempos de crise. A educação de filhos, netos… é um processo de contínua construção, desenvolvimento; de formação pessoal. E isso requer muita dedicação, sensibilidade, afetividade, presença. Pois quem ama dá atenção e cuida.
Cuidar de alguém requer cuidar de si em primeiro lugar, como, por exemplo: cultivando momentos de autoconhecimento – atenção ao que se passa com você, nos seus sentimentos, pensamentos e ações; evitando sobrecargas desnecessárias e, quem sabe, aprendendo a delegar, dividir; buscando momentos e atividades de relaxamento, de prazer que auxilie a recarregar as baterias; tendo autocompaixão, gentileza consigo mesmo e amorosidade nas situações que a vida lhe trouxer; não se culpando, porque errar faz parte do itinerário, somente refaça o trajeto e possibilite perceber os erros e começar de novo; sendo autêntico (a), verdadeiro (a) e sincero (a), com bondade e justiça com você mesmo; percebendo seus limites e não tendo medo nem vergonha dos fracassos. Como disse Winston Churchill o sucesso é “a habilidade de ir de fracasso em fracasso sem perder o entusiasmo.” A grande jogada da vida é não desistir. Pare somente para respirar, tomar fôlego e prosseguir. Pois a resistência, humildade, resiliência, perseverança é a riqueza dos, realmente, bem sucedidos. Descobrir aquilo que traz leveza para a sua vida, o que lhe faz feliz e o deixa em paz de verdade para, assim, cultivar saúde mental e física, pode fazer toda a diferença.
Com relação aos filhos, sugestões como: sono regular, com local, horário é imprescindível, isto porque 90% dos hormônios de crescimento são liberados durante o sono profundo, além da memorização, dentre outros processos importantes para o desenvolvimento humano; alimentação saudável e equilibrada; delimitação de tempo, evitando o excesso de exposição aos meios digitais, uma vez que seu filho precisa aprender utilizá-los de maneira saudável; amor e limites juntos – relevantes para a construção do caráter, do senso de segurança e de autopreservação, do respeito às regras, das consequências de ações e atitudes, além do conhecimento dos direitos dos outros; diálogo e comunicação, ou seja, trocar experiências, contar suas histórias, escutar a dele, colocar seus pensamentos, inspirar e ser influência; ensinar responsabilidades e organização; dar exemplo, transmita valores, pois aquilo que você é ressoa mais do que qualquer palavra; valorize a escola e estimule o estudo, estabelecendo uma rotina, participe sempre; ser positivo e elogiar faz muito bem à construção da autoestima e autoconfiança; trazer à luz as qualidades, habilidades e potenciais de seu filho; ensinar a dar valor ao que, realmente, importa, a agradecer e ajudar ao próximo; demonstrar e expressar seu amor sendo presente, já que o amor se constrói com convívio, troca constante, contato, cuidado, atenção; brincar ou jogar juntos; estimular seus sonhos e a ter propósitos de vida…
E mais importante, prestar atenção às emoções, sentimentos e pensamentos que seu filho expressa. Muitas vezes nós adultos não sabemos o que estamos sentindo por não prestar atenção nem ter consciência de que podemos usar nossas emoções a nosso favor. É interessante perguntar como ele está se sentindo ou se perceber um comportamento mais forte assinalar e esclarecer incentivando-o a reconhecer e expressar de maneira mais adequada. Para tanto, eis um quadrinho das cinco emoções básicas, segundo Erick Bern, que pode auxiliar:
EMOÇÕES | Possíveis efeitos e reações | SUGESTÕES |
Raiva |
Coração acelerado; rosto queimando e vermelho; agitação; impulsividade; choro; grito; agressividade; agonia; hostil; vingativo | Respirar fundo; falar os motivos; ir para algum lugar e descarregar; fechar a mão e apertar forte |
Medo |
Coração acelerado; sudorese; boca seca; tremer; paralisar; branco na memória; indecisão | Respirar fundo; enfrentar ou fugir; pedir ajuda |
Tristeza |
Cabeça e olhos baixos; aperto no peito; fica quieto e sozinho; pensamentos ruins; desânimo; sem energia; choro | Deixar que chore por um tempo; ficar perto; estimular a falar com alguém; mudar o foco |
Alegria |
Sorriso; cabeça erguida; olhos abertos; face vigorosa; pensamentos positivos; tudo é bom e alegre | Estimular o toque, abraço, compartilhar; usar a energia para realizar algo bom |
Afeto (amor) |
Sentidos aguçados; sente-se bem; respiração profunda; pensamentos positivos e de união | Expressar o amor para a pessoa com gestos, verbal; cultivar para aumentar |
Nossa casa precisa ser lugar de aconchego. Um lar predispõe sinergia com esforços, cooperação e ações simultâneos de todos em busca de movimento em direção ao mais saudável possível. No seio de uma família “os componentes de seus membros são retroalimentadores uns dos outros, ou seja, influências recíprocas entre eles são permanentes e inevitáveis. Cada uma das partes está relacionada de tal modo com as outras e que qualquer alteração numa delas provoca modificação nas outras e no sistema total.” (FILHO e BURD, 2007). Nesse caso, estar atentos uns aos outros pode ser o diferencial, principalmente, no período em que estamos vivendo. Que cada família crie seu estilo e encontre a justa medida para uma homeostase.
O segredo da transformação está dentro de cada um de nós. “Seja a mudança que você quer ver no mundo.”, Mahatma Gandhi, e encoraje o mesmo a seu filho. Que possamos seguir juntos apoiando uns aos outros!!! Abraços e até a próxima.